sexta-feira, 28 de junho de 2013

Sequencia didática- Moacir Scliar

SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 3
Da narrativa à dissertação

 Duração: 6 aulas     
 Série:   9º ano
    PAUSA
                                                        MOACYR SCLIAR
             
        Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama,correu para o banheiro, fez a barba e 
      lavou-se. Vestiu-se rapidamente e sem ruído. Estava na cozinha, preparando sanduíches, quando a 
      mulher apareceu,bocejando:
        — Vais sair de novo, Samuel?
        Fez que sim com a cabeça. Embora jovem, tinha a fronte calva; mas as sobrancelhas eram espessas, a barba, embora recém-feita, deixava ainda no rosto uma sombra azulada. O conjunto era uma máscara escura.
        — Todos os domingos tu sais cedo — observou a mulher com azedume na voz.
        — Temos muito trabalho no escritório — disse o marido, secamente
        Ela olhou os sanduíches:
        — Por que não vens almoçar?
        — Já te disse; muito trabalho. Não há tempo. Levo um lanche.
         A mulher coçava a axila esquerda. Antes que voltasse à carga. Samuel pegou o chapéu:
         - Volto de noite.
         As ruas ainda estavam úmidas de cerração. Samuel tirou o carro da garagem. Guiava vagarosamente; ao longo do cais, olhando os guindastes, as barcaças atracadas. Estacionou o carro numa travessa quieta. Como pacote de sanduíches debaixo do braço, caminhou apressadamente duas quadras. Deteve-se ao chegar a um hotel pequeno e sujo.
         Olhou para os lados e entrou furtivamente. Bateu com as chaves do carro no balcão, acordando um homenzinho que dormia sentado numa poltrona rasgada. Era o gerente. Esfregando os olhos, pôs-se de pé:
         - Ah! Seu Isidoro! Chegou mais cedo hoje. Friozinho bom este, não é? A gente...
         - Estou com pressa, seu Raul - atalhou Samuel.
         - Está bem, não vou atrapalhar. O de sempre. - Estendeu a chave.
         Samuel subiu quatro lanços de uma escada vacilante. Ao chegar ao último andar, duas mulheres gordas, de chambre floreado, olharam-no com curiosidade:
         - Aqui, meu bem! - uma gritou, e riu; um cacarejo curto.
         Ofegante, Samuel entrou no quarto e fechou a porta à chave. Era um aposento pequeno: uma cama de casal, um guarda-roupa de pinho; a um canto, uma bacia cheia d'água, sobre um tripé. Samuel correu as cortinas esfarrapadas, tirou do bolso um despertador de viagem, deu corda e colocou-o na mesinha de cabeceira.
         Puxou a colcha e examinou os lençóis com o cenho franzido; com um suspiro, tirou o casaco e os sapatos, afrouxou a gravata.
   Sentado na cama, comeu vorazmente quatro sanduíches. Limpou os dedos no papel de embrulho, deitou-se e fechou os olhos.
   Dormir.
   Em pouco, dormia. Lá embaixo, a cidade começava a mover-se: os automóveis buzinando, os jornaleiros gritando, os sons longínquos.
        Um raio de sol filtrou-se pela cortina, estampou um círculo luminoso no chão carcomido.
        Samuel dormia; sonhava. Nu, corria por uma planície imensa. Perseguido por um índio montado a cavalo. No quarto abafado ressoava o galope. No planalto da testa, nas colinas do ventre, no vale entre as pernas, corriam. Samuel mexia-se e resmungava. Às duas e meia da tarde sentiu uma dor lancinante nas costas. Sentou-se na cama, os olhos esbugalhados; índio acabara de trespassá-lo com a lança Esvaindo-se em sangue, molhado de suor. Samuel tombou lentamente: ouviu o apito soturno de um vapor. Depois, silêncio.
        Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para a bacia, lavou-se. Vestiu-se rapidamente e saiu. Sentado numa poltrona, o gerente lia uma revista.
        - Já vai, seu Isidoro?
        - Já - disse Samuel, entregando a chave. Pagou, conferiu o troco em silêncio.
        - Até domingo que vem seu Isidoro - disse o gerente.
        - Não sei se virei - respondeu Samuel, olhando pela porta; a noite caía
         - O senhor diz isto, mas volta sempre - observou o homem, rindo.
         Samuel saiu.
         Ao longo do cais, guiava lentamente. Parou um instante,ficou olhando os guindastes recortados contra o céu avermelhado. Depois, seguiu. Para casa.
   

ROTEIRO PARA A ATIVIDADE

lPrimeiro faremos a leitura em voz do texto Pausa de Moacyr Scliar;
lApós a leitura vocês formarão grupos com 06  pessoas (sendo um narrador e cinco personagens) para discussão do texto e pontos de vistas de cada integrante do grupo;
lO professor conduzirá a formação dos grupos;
lFaçam uma pesquisa sobre os elementos da narrativa e também sobre a estrutura de um texto dramático para atividades posteriores na próxima aula, no caderno.

ORALIDADE

-Agora cada um de vocês fará uma explanação do que entendeu sobre a pesquisa solicitada;
-O professor fará as perguntas pertinentes para cada grupo;

DRAMATIZAÇÃO

l-O professor sorteará entre os grupos, aquele que fará a dramatização do texto;
2-Durante a apresentação do grupo, alguns alunos registrarão através de seus celulares ou outros aparelhos similares, filmagens e fotos para futuramente divulgar no blog escolar, etc.

        PRODUÇÃO ESCRITA
Responda as seguintes questões para iniciar a sua argumentação
1- Explique com suas palavras qual a intenção do autor com a escolha do título do texto: “Pausa”
2- Qual foi a sua primeira impressão quando começou a ler o texto? O que você pensou que o homem faria?
3- Será que a fuga da realidade resolve o problema, levando em conta que o gerente do hotel diz que o rapaz volta sempre?
ANÁLISE CRÍTICA
 l-Após todas as atividades desenvolvidas, agora vocês farão um texto dissertativo-argumentativo levando em conta a atitude do personagem principal em relação à fuga da realidade do mesmo, e comparando com alguma fase de sua vida.
GRUPO - 4
ADRIANA DIAS DE ARAÚJO
FABIANA MEIRE DE FAVARI
IRENE FARIA ROSSETO DOS SANTOS
MARIA DO SOCORRO SILVA DE AGUIAR
SUELY LOPES
VIVIANE RODRIGUES ALVES FRANCISCO

WILSON LUIZ RAMOS

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